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Regulação das plataformas de conteúdo: uma necessidade urgente

A necessidade de regulação tem sido um tema recorrente nos debates envolvendo Cultura Digital, destacando-se na 4ª Conferência Nacional de Cultura. Da proliferação das mídias sociais à ascensão da Inteligência Artificial, a falta de regulação das ações das Big Techs tem provocado preocupações éticas e suscitado questões relacionadas à privacidade e aos direitos humanos.

Dentre os diversos aspectos abordados, a regulação das plataformas de streaming emergiu como um ponto crucial de discussão. Durante o evento, tivemos a oportunidade de conversar sobre esse tema com o jornalista e roteirista João Ximenes Braga, um dos proponentes dessa discussão.

Foto: Thiago Skárnio

“Durante os anos em que estivemos sem a conferência nacional de cultura e também sem as conferências estaduais, testemunhamos uma mudança radical na forma como as pessoas consomem cultura, impulsionada principalmente pelas novas tecnologias, especialmente as plataformas digitais de streaming”, explica João Ximenes. Ele continua observando: “Atualmente, vemos um cenário em que um punhado de empresas internacionais enxerga o Brasil meramente como um mercado consumidor, sendo este um dos maiores mercados do mundo”.

João Ximenes Braga entende de produção de conteúdo em várias mídias. Foi correspondente do jornal O Globo em Nova York, é autor de livros e de obras audiovisuais, como a novela “Lado a Lado”, exibida na Rede Globo, e vencedora do Emmy Internacional em 2013, e é por isso que ele traz à tona uma questão essencial: as plataformas como Netflix e Amazon lucram consideravelmente, mas investem proporcionalmente pouco em produções locais.

Além disso, ele destaca que as decisões estéticas muitas vezes são ditadas por executivos que respondem à matriz internacional, resultando em uma drenagem significativa de lucros para fora do país. Foi com base nesse contexto que João se uniu a outros produtores audiovisuais em torno de uma proposta pela regulamentação dos serviços de streaming no Brasil.

Ximenes Braga também salienta que, embora existam Projetos de Leis em tramitação no Congresso Nacional, muitos deles estão focados exclusivamente em empresas como Netflix e Amazon. Ele sugere que uma abordagem mais interessante seria o Ministério da Cultura (MinC) analisar todas as plataformas de conteúdo, não se limitando apenas ao audiovisual, a fim de propor uma legislação abrangente sobre o tema, idealmente liderada pelo Governo Federal. “Por que não poderíamos implementar um imposto de fomento para a literatura no Brasil sobre as vendas da loja Kindle, da Amazon, que comercializa obras literárias?” questiona João, evidenciando a necessidade de uma regulamentação mais equitativa.

Texto e fotos: Thiago Skárnio
Fediverso: @skarnio@alquimidia.org

Colaboração: Ingrid Bezerra
Fediverso: @gridocando

Cobertura Colaborativa da 4ª CNC no Instagram

Tanto a equipe da Cobertura quanto usuários do Instagram fizeram registros em tempo real da 4ª CNC. Confira os principais posts:

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https://www.instagram.com/reel/C4TfwmcumDz/

A 4ª CNC acabou, mas a cobertura continua!

A 4ª Conferência Nacional de Cultura acabou, mas a Cobertura Colaborativa continua!

Após cinco dias de debates, intervenções artísticas e votações, os mais de 1.200 delegados e delegadas priorizaram 30 propostas que servirão de base para o novo Plano Nacional de Cultura, o principal documento que vai orientar as políticas públicas de cultura da próxima década no Brasil.

A equipe da Cobertura Colaborativa esteve presente durante toda a 4ª CNC, registrando, editando e publicando diretamente do evento os conteúdos no site e nas mídias sociais, tanto nas lives quanto nas proprietárias. Nos próximos dias publicaremos mais uma parte desses registros e novos textos e vídeos de análises e perspectivas sobre os resultados da Conferência. Continuamos em rede!

Na foto: A equipe da Cobertura Colaborativa da 4ª CNC com a Secretária dos Comitês de Cultura, Roberta Martins, o Coordenador dos Comitês de Cultura, Xaui Peixoto, e a Diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica, Juana Nunes.

4ª CNC: uma confluência, milhões de vertentes

Confluência é o ponto de encontro entre dois ou mais afluentes que formam um rio maior, chamado de tronco principal. Essa é a imagem que me vem à mente todas as vezes que entro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, local da 4ª CNC – Conferência Nacional de Cultura. O encontro reúne mais de três mil pessoas de todas as partes do Brasil, cada uma carregando orgulhosamente em sua pele, roupas e sotaque as características de seu território e comunidade. É uma oportunidade única de registrar in loco toda a potência da maior riqueza desse país: a diversidade. E os fluxos vão além.

Mais de uma década após a última conferência (em 2013), as demandas represadas são muitas, e se agravaram ainda mais após o desmonte do Ministério da Cultura na trágica gestão Bolsonaro e uma pandemia que afetou toda a cadeia produtiva do setor. Isso ficou muito claro já na abertura do evento, com um auditório lotado de público e autoridades, como a anfitriã, Ministra da Cultura Margareth Menezes, a Presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e, é claro, o convidado mais aguardado do dia, o Presidente Lula.

Ministra Margareth Menezes na Abertura da 4ª CNC.

“A 4ª CNC é a maior da história” anunciou a Ministra Margareth Menezes. “O MinC está maior e mais fortalecido. A CNC é a nossa Copa Brasil da Cultura, mas sem disputa”, compara a Ministra, que agradeceu ao Presidente Lula pela recriação imediata do MinC assim que tomou posse, o que possibilitou a realização da Conferência neste ano. “Todas as vezes que ele chegou ao poder, ele empoderou o MinC e o setor cultural”, finalizou a gestora ao som de muitos aplausos.

Em sua fala, Lula fez um discurso longo e contundente sobre a importância da Cultura para o país, destacando o reflexo do fortalecimento da área para a manutenção da própria democracia e convocou aos participantes a saírem da CNC com a missão de “defender a cultura em todas as suas vertentes, livre do jeito que ela tem que ser livre, para que as pessoas possam ver, assistir, pensar, raciocinar e meditar sobre o que conseguiram ver”.

Images exclusivas da Cobertura Colaborativa.

Entre os discursos da abertura, um destaque importante deve ser dado às palavras da Conselheira Nacional Daiara Tukano, representante indígena que apontou muitos desafios que estão sendo tratados na conferência. “Não queremos Conselhos de Cultura de faz-de-conta”, declarou Daiara, que completou: “queremos as mesas diretoras de todos os Conselhos para o poder popular. Queremos segurança regulamentar, decretos e Leis”.

Conselheira Nacional Daiara Tukano na Abertura da 4ª CNC.

A 4ª CNC segue em ebulição com centenas de Grupos de Trabalho e debates que vão impactar nas políticas públicas para a Cultura nos próximos dez anos. Além de uma programação repleta de intervenções culturais e apresentações.

Texto e fotos: Thiago Skárnio
Fediverso: @skarnio@alquimidia.org

Colaboração: Ingrid Bezerra
Fediverso: @gridocando

CULTURA VIVA 20 ANOS

A atividade Autogestionada organizada pela Comissão Nacional dos Pontos de Cultura sobre as celebrações de aniversário de 20 anos de criação do Programa Cultura Viva e 10 anos de aprovação da Lei Cultura Viva na 4ª Conferência Nacional de Cultura foi um sucesso de encontros e reencontros afetivos, artísticos e culturais de mais de 250 Ponteiras e Ponteiros de todo o país.

Há mais de 10 anos não acontecia um encontro nacional com tantas pessoas apaixonadas e defensoras da PNCV.

“Ponto de Cultura é igual a Autonomia + Protagonismo elevados à potência das Redes. Quanto mais redes, mais potência haverá.”

E a Rede Cultura Viva se reuniu novamente na capital federal em estado permanente de mobilização de Conferência Nacional Cultura Viva.

Mais de 40 pessoas falaram, afirmando a importância estratégica da PNCV como política de base comunitária no Sistema Nacional de Cultura.

Foi aprovado por unanimidade o Manifesto Cultura Viva, que será o documento defendido por todas as Ponteiras e Ponteiros na 4ª CNC e ao longo do ano de 2024.

Também foi reafirmada a importância da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura como instância colegiada articuladora e representante da rede.

A reunião foi permeada por diálogos enriquecedores sobre a implementação da Cultura Viva e da Política Nacional Aldir Blanc, ressaltando a importância da descentralização de recursos da PNAB com acompanhamento dos Fóruns e Comissões Estaduais e Municipais da Cultura Viva.

A integração da PNCV com outras políticas públicas também foi debatida, visando o protagonismo e o empoderamento de agentes e coletivos culturais para tornar as ações mais acessíveis e inclusivas.

A adesão e participação de mais de 250 participantes da 4ª CNC demonstra mais uma vez a capilaridade, enraizamento e potencial que a Política Nacional Cultura Viva (PNCV) tem no campo cultural e na sociedade.

GALERIA DE FOTOS:

Fotos Eduardo Lima ( @eduardomultimidia ):

Fotos Elimar Caranguejo ( @elimar_caranguejo ):

Texto: Pontão de Cultura Areté e Escola de Políticas Culturais

Saiba mais em: https://4cnc.colaborativas.net/

Metapublicando

buenas amigues de la red digital… cá estamos nós no desafio de fazer a cobertura colaborativa da 4ª Conferência Nacional de Cultura (CNC) em meio ao nosso já bem conhecido zeitgest de tudo em todo lugar ao mesmo tempo. O desafio tornou-se ainda maior quando o acesso à internet do evento nos foi limitado. Claro que buscamos nossas alternativas, porém é muito difícil de se compreender o motivo dessa disponibilidade não ter sido considerada uma prioridade. Não é possível que alguém ainda negue os inúmeros papéis que a internet e as mídias sociais hoje exercem em nossa sociedade e o quão importante é prover acesso democrático a esses meios em um evento desse porte. E que para além do acesso, também precisamos de ambientes de interação soberanos. Essa é nossa principal luta dentro da cultura digital brasileira. Toda cobertura colaborativa está sendo feita através de softwares livres e redes federadas numa lógica que transcende o mero utilitarismo. E as dificuldades encontradas são quase sempre relativas a um estado permanente de precariado de algo que jamais deveria ter sido normalizado.

no momento escrevo desde nosso bunker ao lado da grande plenária orando para que na hora que eu clique em “publicar” a conexão funcione, testando assim o uso de nosso ActivityPub que irá automagicamente enviar o texto para outras mídias. Viva o trabalho de todas as redes colaborativas, solidárias e soberanas! 🙂

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