Confluência é o ponto de encontro entre dois ou mais afluentes que formam um rio maior, chamado de tronco principal. Essa é a imagem que me vem à mente todas as vezes que entro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, local da 4ª CNC – Conferência Nacional de Cultura. O encontro reúne mais de três mil pessoas de todas as partes do Brasil, cada uma carregando orgulhosamente em sua pele, roupas e sotaque as características de seu território e comunidade. É uma oportunidade única de registrar in loco toda a potência da maior riqueza desse país: a diversidade. E os fluxos vão além.

Mais de uma década após a última conferência (em 2013), as demandas represadas são muitas, e se agravaram ainda mais após o desmonte do Ministério da Cultura na trágica gestão Bolsonaro e uma pandemia que afetou toda a cadeia produtiva do setor. Isso ficou muito claro já na abertura do evento, com um auditório lotado de público e autoridades, como a anfitriã, Ministra da Cultura Margareth Menezes, a Presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e, é claro, o convidado mais aguardado do dia, o Presidente Lula.

Ministra Margareth Menezes na Abertura da 4ª CNC.

“A 4ª CNC é a maior da história” anunciou a Ministra Margareth Menezes. “O MinC está maior e mais fortalecido. A CNC é a nossa Copa Brasil da Cultura, mas sem disputa”, compara a Ministra, que agradeceu ao Presidente Lula pela recriação imediata do MinC assim que tomou posse, o que possibilitou a realização da Conferência neste ano. “Todas as vezes que ele chegou ao poder, ele empoderou o MinC e o setor cultural”, finalizou a gestora ao som de muitos aplausos.

Em sua fala, Lula fez um discurso longo e contundente sobre a importância da Cultura para o país, destacando o reflexo do fortalecimento da área para a manutenção da própria democracia e convocou aos participantes a saírem da CNC com a missão de “defender a cultura em todas as suas vertentes, livre do jeito que ela tem que ser livre, para que as pessoas possam ver, assistir, pensar, raciocinar e meditar sobre o que conseguiram ver”.

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Entre os discursos da abertura, um destaque importante deve ser dado às palavras da Conselheira Nacional Daiara Tukano, representante indígena que apontou muitos desafios que estão sendo tratados na conferência. “Não queremos Conselhos de Cultura de faz-de-conta”, declarou Daiara, que completou: “queremos as mesas diretoras de todos os Conselhos para o poder popular. Queremos segurança regulamentar, decretos e Leis”.

Conselheira Nacional Daiara Tukano na Abertura da 4ª CNC.

A 4ª CNC segue em ebulição com centenas de Grupos de Trabalho e debates que vão impactar nas políticas públicas para a Cultura nos próximos dez anos. Além de uma programação repleta de intervenções culturais e apresentações.

Texto e fotos: Thiago Skárnio
Fediverso: @skarnio@alquimidia.org

Colaboração: Ingrid Bezerra
Fediverso: @gridocando